quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Avaliação reflexiva do Gestar 2- Cursista Angela

As mudanças ocorridos no mundo atual, em que a tecnologia e as comunicações passam a ter um papel relevante nas relações interpessoais e interinstitucionais, sendo ainda mais acelerada pelo advento das telecomunicações, exigem constantemente a leitura e a produção de textos como principal veículo de transmissão de informações e conhecimentos. E é nesse sentido que o Gestar encaminha as propostas teóricas e didáticas no decorrer do seu desenvolvimento. O conhecimento e as atividades ali expostas enfatizam que a nossa prática escolar deve sempre pensar em um aluno capaz de se constituir um cidadão crítico, capaz de intervir de forma harmoniosa e solidária diante da sociedade em que está inserido. No decorrer das atividades desenvolvidas, a reflexão sobre o temor que alguns alunos tem frente ao desafio de uma produção textual se fez necessária. Como um aluno vai intervir em uma sociedade se fica inibido perante a linguagem? Questões como essas nos levam a pensar que tais alunos são carentes das mais diversas formas de linguagens. Dificuldades deste âmbito foram amenizadas quando realizavam a produção de textos orais e escritos coerentes e adequados as diversas situações de uso dos próprios alunos. De posse desses dados verifica-se que as propostas desenvolvidas só se concretizavam se as diferentes variedades lingüísticas do português estivessem adequadas distintas situações comunicativas. Muitas das dificuldades pedagógicas enfrentadas em sala de aula é a pouca diversidade de textos. O Gestar possibilitou em um curto espaço de tempo trabalhar com inúmeros gêneros textuais, o que é fundamental. O publico é cada vez mais diverso, e se faz necessário eleger diversos gêneros textuais, já que são instrumentos que orientam, dão forma, viabilizam a materialização de uma atividade de linguagem. Ou seja, cada gênero textual trás em si mesmo conteúdos específicos de ensino a ele relacionados. Outra questão relevante a ser abordada nesta avaliação e a valorização do conhecimento prévio do aluno. Foi muito elencado e considerado nas propostas didáticas do Gestar o conhecimento que o aluno tem para só então abranger mais conhecimento. Quando as propostas eram dirigidas para um detem1inado texto era considerado que o aluno constrói sentido não apenas quando escreve, mas também quando lê. Foi de fundamental importância possibilitar aos usuários da língua o entendimento e a construção de sentidos desde o título até a sua totalidade, levando em consideração o conhecimento prévio, o contexto sócio-histórico, bem como a intencionalidade do autor e o contexto em que o texto foi produzido. Nota-se que grande maioria dos educandos tem certa desmotivação tanto para ler como para escrever, uma vez que leitura e escrita são inseparáveis. Mas analisando as atividades de leitura e escrita dos Avançando na Prática, nota-se que todas tinham um objetivo que levava em conta a realidade e as necessidades dos alunos, mesmo aquelas que tiveram que ser adaptadas. Isso parece obvio, mas nem sempre é a realidade de nossas escolas. Quando falamos ou escrevemos no contexto natural da vida há sempre o objetivo de produzir efeito sobre os interlocutores, efeito que a escola tem desprezado ao centrar o ensino da Língua Portuguesa em uma lista de conteúdos que se apóia no ensino da gramática tradicional. Tanto na teoria quanto na prática, o Gestar auxiliou muito no sentido de não cair ou então retirar a ideia de gramática descontextualizada. Não podemos deixar a gramática de lado no âmbito escolar, mas temos que ensina-Ia dentro de um contexto, por meio de variedades lingüísticas e não através de frases soltas e sem muitas possibilidades de analise. Atividades que trabalharam com a gramática não deixaram a análise lingüística à parte e desta forma foi produtiva. Tanto que quando os alunos foram questionados se estávamos trabalhando gramática a resposta foi não. Isso porque o mal hábito de trabalhá-la descontextualizada a faz ser cansativa. E por vezes encaixada com questões lingüísticas torna-a mais real e suave. Os conteúdos de análise lingüística e gramatical foram talvez a parte mais difícil de trabalhar com os alunos dentro dos pressupostos do Gestar. O princípio de ensinar e aprender Língua Portuguesa ainda estão vinculados meramente ao ensinar e aprender gramática. O que se faz necessário, como já foi afirmado, é trabalhar com variedades de textos e adotar a ideia de que isso não significa abolir o ensino da gramática das atividades escolares. Trabalhar gramática descontextualizada é um "crime" contra nossos alunos. Já é um desafio trabalhar analise lingüística, que é feita inserida em um contexto determinado, imagina querer que um educando aprenda regras sem muita lógica e com milhares de exceções. Desta forma estaremos apenas fazendo um ensino de "faz de conta". As atividades gramaticais, desenvolvidas com os educandos, inseridas na analise lingüística tais como o uso do diminutivo, aumentativo, discurso direto e indireto, pronomes, adjetivos, os elementos de coerência e coesão, pontuação e dentre outros aspectos gramaticais, comprovaram que a gramática torna-se uma ferramenta que auxilia a leitura e a produção textual. Não devendo ser encarada como inimiga, mas como uma aliada dentro do processo de construção do conhecimento, e especialmente, no processo de interação comunicativa. Esta concepção teórica foi desenvolvida possibilitando que os alunos experimentassem a gramática como parte do texto e não como algo ruim de aprender. O ensino da gramática só tem sentido para auxiliar o aluno se partir do seu próprio texto. Isso porque as gramáticas tradicionais são excludentes em alto grau, excluem a fala, a oral idade, as variedades. De fato isso é verdade, pois a linguagem ensinada na escola é considerada estrangeira, na maioria das vezes totalmente descontextualizadas. Ao trabalhar com as variedades lingüísticas e a sua constante mudança, o Gestar possibilitou abrir portas para a inclusão do aluno dentro do processo de construção de uma língua. Quando questionados se existia a possibilidade de falarmos "errado" o "sim" foi unânime. Essa resposta nos faz refletir sobre como estamos abordando o uso da linguagem no âmbito escolar. O trabalho de levar os educandos a entender que se sabemos falar isso significa que sabemos uma língua e desta forma uma gramática, bem como as sua inconstância foi uma experiência muito significativa. O aluno precisa se sentir inserido na língua e não como um elemento estranho utilizando uma língua ainda mais estranha. A escola deve garantir ao aluno o acesso a escrita e aos discursos que se organizam a partir dela. De forma geral, o Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar foi e Vai continuar sendo muito valido tanto na teoria como nos conteúdos desenvolvidos. Abordagens teóricas e práticas como essa se faz cada vez mais essencial, já que a educação no Brasil ainda é um privilégio de poucos. É preciso reconhecer a verdadeira diversidade lingüística de nosso país, fato este fundamental para o ensino da língua na escola. O que está em jogo é a transformação da sociedade como um todo, a língua é viva, dinâmica, está em constante movimento, em permanente transformação e assim precisamos ser também um sujeito em constante conflito.

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Poeminha do contra

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Mario Quintana